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… estou submerso numa água muito fria e parada não consigo ver nada sinto uma vibração e leves anéis de ondas d’água percorrerem meu corpo na barriga para as costas desponta uma claridade que revela um azul marinho do ambiente uma luz que percebo que não está submersa está flutuando sobre a água olho para os lados é como um oceano não vejo limites nas suas dimensões me viro e olho para o fundo completamente escuro ouço um barulho leve vindo da superfície são gotas caindo seria chuva nado até a superfície ao subir o corpo para fora da água sinto-me fortemente puxado e também o impacto de estar submergindo novamente na água mas agora ela é um verde muito escuro olho para a superfície vejo esta formando pequenos cones para cima são as gotas caindo como se houvesse uma camada de ar entre dois mares não me sinto cair a água fica mais fria começo a nadar para o fundo até a claridade da superfície parecer apenas um pequeno ponto luminoso sinto uma pressão esmagando meu corpo como se me paralisasse não há a possibilidade de som a luz se apaga o ponto some sinto impulsos na água muito fortes como se uma corrente marinha tivesse me puxado e me lançado para longe de onde estava não sei mais qual é a direção da superfície estou submerso numa água muito fria e parada …

… não tenho corpo apenas a visão partindo de um único ponto sem olhos apenas passeiam imagens nessa abertura amarelo linha preta gradiente até o bordô o qual se expande tomando conta do resto curvas rosas das quais despertam feixes azuis na extremidade dos feixes azuis círculos amarelos que se expandem sem perder o centro oco que revela o anterior azul sobre rosa dos buracos vaza o bordô que se entrelaça em espirais até ficar estático e do amarelo ainda à mostra dentre as espirais surge lentamente um vermelho que quase se confunde com o bordô as cores se invertem o bordô vai deixando lugar para o amarelo agora o vermelho está no lugar de onde o segundo bordô estava o amarelo toma conta do vermelho este some linha preta a qual torna-se abruptamente cinza o cinza tenta se espelhar mas não há função de espelho nada além das imagens e a abertura de visão sem corpo eram as imagens intencionando-se se perceberem se impondo umas às outras mas nenhuma delas podia abdicar de si para perceber a outra sem já ter virando a outra e nem reconhecer-se mais como si mas agora outro si e logo mais outro porque já passou inconstância quase plena invadi um processo não tenho corpo não tenho corpo só abertura de visão para um ponto desaparece(ço) …

… quando acordo tenho a sensação de dor do estouro dos pulmões ao respirar aparentemente pela primeira vez estou num vazio branco flutuando nenhuma superfície sequer começo a ouvir barulhos de metais como quando tiram um punhal da bainha são vinhas douradas espelhadas que formam reviravoltas pequenas disparam todas de um ponto começam a subir e fazer uma curva sobre mim numa espécie de faixa crescente tento acompanhar até onde meu pescoço alcança mas não consigo movimentar meu corpo percebo elas surgindo novamente por debaixo de mim numa faixa já mais grossa ao encontrar o ponto inicial disparam em um círculo crescente me deixando envolto dentro de uma bola lentamente os barulhos aumentam aos poucos e vejo vinhas maiores em minha direção percebo que estavam longe mas se aproximam a camada inicial se formou parecendo uma rede quando as vinhas se aproximam mais e chegam a fazer curvas no meu corpo vejo que são lâminas sonoras sem encostar em nada elas fecham-se tangenciando meu corpo me paralisam completamente deixando apenas a visão descoberta ouço um barulho metálico extremamente alto e minha visão escurece antes que eu conheça meus olhos na última lâmina…